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O belo caos do Cairo


Conhecida como uma cidade de contrastes a que 20 milhões de pessoas chamam lar, a capital do Egito surge irreverente, rasgando com a norma e criando um caos delicioso e apelativo. Do outro lado do Nilo, em Gizé, descansam as Grandes Pirâmides, como é possível resistir?


A minha descoberta do Cairo começou em Hurghada, uma estância balnear no Mar Vermelho, o que me obrigou a percorrer mais de 450 quilómetros de autocarro Egito acima. Existe a possibilidade de fazer esta excursão de avião, mas fica substancialmente mais cara.

Para quem parte de Hurghada, a aventura começa de madrugada, às 2:30 da manhã. A NABQ Tours tratou de nos recolher diretamente no nosso hotel, que nos preparou o pequeno-almoço para levar. A viagem é longa porém o autocarro é confortável, dispõe de ar condicionado e WC. (Apesar de eu nunca conseguir dormir em viagens 😓)


O alvoroço começa bem antes da chegada ao centro da capital, com a intensificação do trânsito e das imensas torres de apartamentos em construção que se erguem, não faltam cartazes a publicitar novos empreendimentos de luxo para uma cidade em constante expansão. Na parte mais antiga vêm-se inúmeros apartamentos por terminar, apenas em tijolo, porém já parcialmente habitados. Cairo é uma cidade suja, poluída (confirmem o smog nas fotos) e onde se vê muita pobreza, incluindo crianças a pedir comida, pelo que se torna importante enfrentar a visita de mente aberta e encarar aquilo que é a normalidade naquele lado do planeta.


O programa da excursão começa pela visita ao Museu Egípcio, com um dos maiores espólios arqueológicos do mundo permite-nos obter uma perspetiva de como era o quotidiano no Antigo Egito  através de artefactos com milhares de anos.


Inclui os maravilhosos tesouros encontrados no infame túmulo de Tutankhamon, bem como a sua máscara fúnebre e os sarcófagos. Não faltam múmias, esfinges, jarras canópicas e papiros recheados de hieróglifos para apreciar. Então eu, como amante de história que sou, era menino para passar lá o dia inteiro.


O panorama do Cairo não pode ficar completo sem um cruzeiro no Nilo. Esta artéria desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento do Egito, tanto na irrigação de campos como meio de transporte e há quem defenda que até a edificação das pirâmides não seria possível sem este rio. Apesar de já não ter crocodilos devido à construção da barragem de Assuão, ainda hoje é inegável o charme e a energia que o Nilo transborda para as cidades egípcias que atravessa.


Por falar em atravessar, apesar do nosso guia atravessar as ruas com a maior das facilidades, nós achamos bem difícil segui-lo sem sermos atropelados pelas imensas carrinhas, carros, carroças, burros, camelos e buzinadelas. No final, o truque acaba por ser aquela benção básica e YOLO, just go for it.


À medida que nos aproximamos de Gizé, obtemos a primeira vista das Grandes Pirâmides e a sensação é algo inexplicável. É aqui que nos apercebemos o quão próximo estamos de realizar um sonho e que todas aquelas ilustrações que vimos nos livros da escola são, de facto, reais e tangíveis.

É com a vista da imagem em cima que almoçámos, num restaurante local incluído no itinerário. Depois do almoço, partimos para o Instituto Nacional do Papiro. Confesso que no início mostrei algum desinteressem mas depois de me mostrarem como os papiros são fabricados, acabei por sair de lá com um papiro que está agora em exibição no hall de entrada lá de casa 😂


Neste momento, a ansiedade de ver as pirâmides de perto era mais que muita e num instante, ali estavam elas, os enormes blocos perfeitamente empilhados a constituírem as únicas maravilhas que restam do Mundo Antigo. Subimos aos nossos camelos e liderei o grupo até ao "panorama", para vermos as massivas estruturas alinhadas no meio da imensa areia do deserto do Saara.

Para recordares como foi a minha expedição pelo deserto na Tunísia, clica aqui.

No sopé das pirâmides, não faltam bancas a vender souvenirs e por incrível que pareça, é aqui que são mais baratos e genuínos, pelo que recomendo que tentem resistir ao máximo às imensas ofertas no centro de Gizé. Comprámos ímans por menos de 1€ cada um e ainda trouxe uma estatueta de Anúbis feita em pedra maciça que me ficou por menos de 10€.


Entrámos na pirâmide da Rainha Henutsen, irmã do faraó Quéops, que construiu a maior das pirâmides. Apesar de bem mais pequena, o percurso até à câmara do sarcófago fez uma das minhas companheiras de viagem desistir no primeiro patamar. Temos que entrar agachados e descer por um túnel claustrofóbico, sob um calor intenso e odores peculiares. A experiência é única e no meu ponto de vista bastante interessante mas quem está à espera de chegar a uma sala recheada de cor e hieróglifos vai sair desiludido.


Despedimo-nos do Planalto de Gizé na famosa Esfinge, a maior das estátuas alguma vez construída pelo Homem e que ainda hoje guarda imponentemente as pirâmides, apesar de, compreensivelmente, já ter perdido o seu nariz e barba ao longo dos seus mais de 4500 anos de existência.


A excursão a partir de Hurghada é extremamente cansativa, para além da viagem, passamos o dia numa autêntica correria para conseguir aproveitar ao máximo. Fiquei com pena de não ter tido mais tempo para explorar todo o potencial da capital do Egito mas penso que ainda assim é imperdível para quem visita o Egito pela primeira vez desde o Mar Vermelho e vale cada cêntimo dos 50€ que pagámos. O cruzeiro no Nilo e andar de camelo nas pirâmides são opcionais e têm um custo adicional de 10€ e 12€, respetivamente.


O Cairo é uma cidade como nenhuma outra, que nos faz chocar com uma realidade absolutamente diferente da que estamos habituados e em simultâneo nos presenteia com uma beleza que lentamente nos seduz e se perpetua na memória. Posso voltar já, por favor?

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