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Dias de Inverno pela Bélgica


A Bélgica e as suas cidades são há vários anos um destino turístico consolidado, contudo conhecer o país em pleno inverno poderia tornar-se uma aventura cinzenta e pouco entusiasmante. Nada disso veio a confirmar-se.

Miniatura do Atomium na Grand Place de Bruxelas
As companhias aéreas low-cost, neste caso, a Ryanair, disponibilizam viagens para Bruxelas (Zaventem) ou Charleroi a preços muito acessíveis, tanto a partir de Lisboa, como do Porto. O voo da Ryanair desde o Porto até ao aeroporto de Bruxelas, no subúrbio de Zaventem (15km do centro), demorou pouco mais de duas horas. É a escolha mais viável e acessível, visto que o de Charleroi fica ainda muito longe da cidade.

A forma mais cómoda e prática de nos dirigimos de Zaventem até ao centro de Bruxelas é de comboio. O bilhete custou 9€. A viagem demora aproximadamente 20 minutos e podemos sair numa das três estações da capital belga (Nord, Central e Midi). No meu caso, saí na Estação Central. Como o nome indica é a que fica mais próxima das grandes atrações como a Grand Place ou o Mont des Arts. Fiquei hospedado no Bruegel Hostel, mesmo ali ao lado. Curiosamente foi muito fácil localizá-lo devido a situar-se ao pé da grandiosa igreja gótica Notre Dame de la Chapelle.


Mont des Arts
Catedral de St Michel et Gudule, Bruxelas
O dia de chegada já se aproximava do fim e depois de tratar dos assuntos do hostel e guardar a mala no quarto parti para uma breve descoberta do centro afamado de Bruxelas. Antes disso, realçar o frio congelante que se fazia notar e que no dia seguinte me iria provocar uma grande surpresa e alegria.

Entrar na Grand Place através daquelas ruelas empedradas que a ladeiam é uma experiência memorável. A praça não é tão grande como tinha imaginado, mas é absolutamente imponente e bonita. As fachadas são igualmente belas e recheadas de pormenores capazes de admirar. Não surpreende que estivessem lá, como quase sempre, dezenas de pessoas a contemplar e a tirar fotografias.

Grand Place
Metros dali deparei-me com as Galerias St Hubert. Podem não ser tão espectaculares como as de Milão, mas não deixam de exaltar classe e requinte. Entre as belas lojas destaco as aprimoradas chocolatarias e uma de brinquedos encantadora “La folie des cadeaux”. Foram muitos minutos gastos a apreciar a beleza daquela montra.


Galerias St Hubert
A noite estava prestes a cair, mas queria ainda ver o famoso Manneken Pis, nome oficial da estátua do menino a urinar. Um verdadeiro ícone nacional. Lá dei com ela, numa esquina, nas traseiras da Grand Place e foi uma experiência anticlímax. A estátua é pequena e sem qualquer pormenor ou recorte de genialidade que lhe desse a fama. Contudo, eram muitos os que se amontoavam no local para conseguir o melhor ângulo para a tradicional selfie. O melhor, para mim, no local, é a abundância de lojas de venda de waffles, um dos ex-libris gastronómicos da cidade e do país. Não resisti a comprar uma, de Nutella e morangos ao preço de 5€ (quanto mais ingredientes, mais cara ela é).


Manneken Pis
O dia seguinte já estava programado para descobrir o máximo da cidade a pé. Comecei pelo Sablon, um dos quarteirões mais pitorescos da cidade. A poucos metros dali dei de caras com o impactante Palais de la Justice, ladeado por um miradouro com um panorama fantástico de Bruxelas. Foi aí que tomei verdadeira consciência que seria impossível explorar toda a capital naqueles dias.

Continuei caminhando sem destino prévio. Queria-me deixar surpreender pela aleatoriedade dos meus passos. Por essa altura constatei um cliché de cidade grande: um trânsito infernal. As avenidas em Louise e Porte de Namur, a sudeste da cidade, estavam, constantemente, preenchidas de carros a passo lento.

Não tardei em desembocar no verde Parc de Bruxelles e no bonito Palais de Bruxelles. Dali decidi que me queria dirigir para Leste e ir de encontro ao centro nevrálgico político da Europa. A Comissão Europeia e o Parlamento estavam a poucas centenas de metros de distância. Quem se deslocar de metro basta sair nas estações de Schuman ou Maelbeek. No Parlamento Europeu fui aconselhado a visitar o Parlamentarium. Foi um excelente conselho. Um dos melhores museus que já visitei e de entrada livre. Através de várias salas, com apoio de guias áudio e muita interatividade, descobre-se muito sobre a História da Europa e suas Instituições.

Gastei quase três horas a descobrir aquele espaço e quando saio em direção ao Cinquantenaire, mais uma zona icónica da cidade, já me era muito complicado manter o equilíbrio com o gelo que se tinha apoderado dos passeios e estradas. O frio intensificava-se e de repente caem os primeiros flocos de neve. Mal sabia eu que em cerca de cinco minutos, os lentos e suaves flocos se tinham transformado numa tempestade de neve intensa. Não cabia em mim de felicidade e não tardou a cor branca instalar-se na cidade.



Após visita ao Parlamento tinha em mente deslocar-me até à colina de Heysel e visitar o famoso Atomium, mas o entusiasmo com a neve trocou-me os planos. Grande falha minha!

Era sábado e o meu último dia completo para desfrutar na Bélgica e parti à descoberta das cidades de Bruges e Gent. O bilhete de ida e volta de comboio da Belgian Railways até Bruges custou 15€. Durante o fim de semana há descontos, com a mais valia de poder sair em Gent e depois regressar a Bruxelas, sempre com o mesmo ingresso. 

A viagem até Bruges demorou pouco mais de uma hora e que dizer desta cidade? Absolutamente encantadora! Não me restam muitos mais adjetivos para descrever a beleza do centro histórico de uma das cidades mais importantes da Flandres e uma das mais importantes da Europa Medieval. Já tinha a certeza que ia adorar, mas o impacto real com a cidade foi inesquecível.


Coloridas fachadas no Grote Markt, Bruges
O sol raiava no ar, com um céu azul, mas a neve, que caíra no dia anterior, ainda permanecia pelas ruas empedradas. Os canais gelados, a arquitectura flamenga, as altas torres das igrejas, as filas para visitar o Belfort (torre mais alta da cidade, com 83 metros), os passeios a cavalo, os moinhos, as zonas verdes, a azáfama turística fundida no social da cidade. Todo um dinamismo, que aliado, fez com que Bruges se tornasse numa das melhores experiências pessoais em viagem.






Panoramas de Bruges (Belfort ao fundo na segunda foto)
Por muito que quisesse ficar, as horas estavam a passar e antes que anoitecesse, queria fazer uma paragem em Gent. Saí na estação de Saint-Pieters e a primeira impressão foi que a cidade era muito maior e mais urbana que Bruges. Como qualquer turista faz, poderia ter apanhado o Tram 1 (elétrico) até Gravensteen, o centro histórico, mas não. Decidi ir a pé, pois achei que 3km a pé seria pouca coisa (estava também em modo poupança). Verdade seja dita que o é, mas roubou-me algum tempo que seria precioso para desfrutar mais da cidade.



Gravesteen
Estive cerca de uma hora e meia pelo centro histórico, repleto de gente. Muitos edifícios medievais, canais, animação de rua e Gent tornou-se em mais uma boa surpresa que a Bélgica me proporcionou.



A noite já tinha caído e era altura de voltar a Bruxelas. Nova surpresa aconteceu quando no meu regresso vim num confortável e moderno comboio de dois andares!

Domingo, dia final e dia de regressar ao Porto. Aproveitei para ir a uma celebração religiosa na Chapelle e só me restou regressar a Zaventem, com uma grande vontade de regressar e poder desfrutar de mais dias para conhecer tanto que ficou por visitar e conhecer em Bruxelas e no resto do país. Vale a pena e aconselho a todos. Como city-break é uma agradável opção.

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